sábado, 25 de junho de 2011

Introdução a Plástica Periodontal

INTRODUÇÃO A PLÁSTICA PERIODONTAL
GUIMARÃES G M

A sociedade atual exige cada vez mais que você tenha uma estética favorável, para que tenha um bom convívio social ou no trabalho e ainda a tão almejada inclusão social.
A medicina estética tem se destacado neste contexto, deixando as pessoas com um “corpo mais belo”. A Odontologia não fica ao largo deste processo.
Este grau de exigência estética deve-se principalmente a ação da mídia, mostrando que pessoas com alto padrão de beleza têm sucesso profissional e pessoal. A beleza do sorriso tem papel importante neste processo, sendo preponderante para uma boa apresentação individual. Este sorriso agradável, já foi descrito por Brisman (1980) como sorriso de mídia, que foi imposto na sociedade européia desde os anos oitenta.
Porém, a beleza é percebida individual e subjetivamente, sofrendo influências culturais e étnicas (SILVA, 2004). Como meio de exemplificação deste processo, podem ser citadas as “mulheres girafas” na África, que colocam anéis no pescoço, para prolongá-los, pois assim serão consideradas mais belas; ou ainda, em alguns povoados na península de Yucatán no México, pessoas usam molduras de ouro nas proximais e incisais dos dentes anteriores superiores, como sinal de jovialidade e beleza.
O fato do conceito da beleza não ser individual e não padronizada, é percebido pela constância que a mídia relata que todos os tipos de tratamentos ododontológicos servem para todos os pacientes (ROSSETTI, 2010), não sendo portanto um tratamento individualizado, como deve ser a odontologia moderna, que deve focar nas particularidades de cada paciente.
É indubitável que a melhora da aparência, produz efeitos psicológicos positivos, contribuindo assim com a auto-estima. Segundo alguns estudos psicológicos, pessoas mais atraentes são mais qualificadas e confiáveis (BLANCO et al., 1999), sendo preferidas em qualquer ambiente que se apresentam.
As mulheres, segundo Razak & Jaafar (1987), visitam mais os dentistas por razões estéticas que os homens. Isto nos leva a crer, que o grau de exigência é maior no sexo feminino.
Mas o que é belo? O belo é tudo aquilo que parece harmonioso, que seja simétrico, pois a simetria é considerada como bela, levando sentido e descanso ao olhar.
O sorriso, proporcionado pelo conjunto dentes / gengivas / lábios / musculatura, possui expressões que influenciam no relacionamento entre pessoas, inclusive consigo mesmo, denotando a importância do conjunto supracitado, no papel desta importante mímica facial.
Sendo um poderoso ato de relacionamento, o sorriso deve ser simétrico. Dentes mais brancos e com formatos mais adequados, chamados de estética branca, são um componente de extrema importância do sorriso, tornando-o mais belo.
A periodontia, levada pela exigência por parte dos pacientes de conseguir uma estética bucal mais harmoniosa, tem se preocupado em solucionar problemas estéticos gengivais, chamados de estética vermelha, principalmente no que se refere ás retrações gengivais (RG), que vem ganhando status de incômodo na Odontologia.
É importante frisar que, para que se obtenha uma perfeita harmonia no sorriso, o sincronismo entre a estética branca e a vermelha, tem que estar presente (ZUCCHELLI, 2007).
Pesquisas têm sido realizadas sobre qual o grau de importância que as pessoas dão ao tratamento odontológico estético, que segundo Silva (2004) tem o poder de promover o rejuvenescimento facial. Marchini (2000) concluiu que 96% das pessoas acreditam que a aparência dos dentes é de vital importância pessoal e social, melhorando a auto-estima. Pesquisa dirigida pela American Academy of Periodontology – AAP (2004) aponta que 82,54% das pessoas dão importância a uma gengiva delicada. Segundo a mesma pesquisa, em resposta aos questionários enviados aos cirurgiões dentistas, foi obtido um índice de 73,64% de pessoas que procuram a melhora da estética gengival, em tratamento odontológico. Foi concluído também, que os pacientes estão dando um grau elevado de importância sobre o desconforto estético que a RG proporciona.
Os defeitos gengivais chamados de antiestéticos são as gengivites, periodontites, invasão do espaço biológico, assimetrias gengivais, recessões gengivais e papilas interdentais deficientes ou ausentes (BOSCO, et al. 2010).
Brunsvold, et al. (1999) encontraram um índice de 25,6% de pessoas, que relatam queixas com a estética gengival ou dental na região anterior. Segundo os autores, quando estes relatos estão ligados à gengiva, a RG é que tem maior índice de queixas, sendo estas reclamações mais comuns em pessoas com idade mais elevada, relacionando ao aumento da RG com o avançar da idade (GUIMARÃES, 2009).
Em questionários enviados a periodontistas para pesquisar quais as principais queixas sobre as condições estéticas periodontais, a correção de retrações gengivais foi a que obteve a maior solicitação de tratamentos (ZAHER et al., 2005).
O tratamento das RG possui uma gama de procedimentos cirúrgicos e tratamento não cirúrgico a disposição do clínico e com alta previsibilidade. A solução desta alteração estética torna-se imperativa devido aos problemas advindos da não cobertura da raiz, como: sensibilidade, cáries de raiz, estética desfavorável, perda de suporte periodontal e dificuldade de manutenção de higiene oral (DORFMAN, 1978).
A correção dos defeitos estéticos na periodontia tem ganhado importância no desejo dos pacientes. Surgiu a definição de cirurgia plástica periodontal, que se tornou um termo mais adequado que cirurgia mucogengival, antes usada para definir o tratamento de defeitos mucogengivais.
A cirurgia plástica periodontal, tem ido além dos problemas associados à quantidade de gengiva e ao tipo de retração, incluindo aí, a correção de rebordos alveolares, da estética de tecidos moles, correções do chamado sorriso gengival, assimetria gengival e pigmentação ou descoloração da gengiva (DUARTE et al., 2002).
Devido à alta demanda estética, a cirurgia plástica periodontal vem sendo solicitada cada vez mais pelos pacientes e pela indicação dos clínicos que julgam necessária a intervenção do especialista. Ela deve ser eletiva e ser realizada em situações satisfatórias de saúde geral e sistêmica (CAMPOS, 2009), não sendo preconizada indiscriminadamente, tendo em vista que a RG não é necessariamente progressiva (CANCIAN, et al. 1997), portanto, deve ser bem indicada.
Devemos ter o cuidado para indicar um tratamento estético a um paciente, para que este não agregue valores a este procedimento, caso contrário pode haver dificuldade na relação paciente / profissional, originando efeitos indesejávies em cascata.
Deixar o paciente bem esclarecido sobre todos os pontos do tratamento, como o diagnóstico, possíveis terapias, escolha compartilhada do tratamento e prognósticos, para não ter surpresas desagradáveis no relacionamento com ele.
Um tratamento estético bem sucedido, resgata a autoestima e o convívio socila de um paciente ( EL ASKARY, 2004).
Como a principal queixa estética gengival está relacionada à RG, a presente obra tem como objetivo discutir e mostrar as soluções cirúrgicas para a correção desta anomalia, bem como detalhar as técnicas operatórias para a solução de raízes desnudas.

DEFINIÇÃO E SINOMÍNIA DAS RETRAÇÕES GENGIVAIS
As retrações gengivais (RG) têm como principal característica a migração gengival em sentido mais apical em relação à junção cemento esmalte, podendo ser generalizada ou localizada, afetando assim um ou mais dentes (STONER & MAZDYASNA, 1980 e AAP, 1992).
A retração gengival, também pode receber o sinônimo de recessão gengival (CORTELLI et al., 2005) e segundo Tumenas, et al. (2005) a RG pode ser denominada também como desnudamento radicular, recessão dos tecidos periodontais e recessão periodontal.
Pelo fato de o cemento, osso alveolar, ligamento periodontal e mucosa alveolar estarem envolvidos na RG, Maynard & Ochenbein (1975) propuseram o termo recessão do tecido marginal, o que parece mais fiel, pois retrata os eventos que ocorrem no processo de formação das RG.
Nesta obra, será usado a denominação de retração gengival, seguindo o Glossário de Termos proposto pela Sociedade Brasileira de Periodontologia – SOBRAPE (CORTELLI, et al., 2005).

3.1-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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